A estudante Ana Vitoria Leite, que está prestes a concluir sua graduação em História na Universidade Federal do Piauí (UFPI), denunciou ter sido vítima de racismo no Restaurante Universitário (RU) do campus de Teresina. O incidente ocorreu na última terça-feira, 28 de janeiro de 2025, e foi compartilhado pela estudante em suas redes sociais, gerando repercussão e indignação.
Ana Vitoria relatou que, durante o almoço, um homem branco a abordou com perguntas ofensivas, questionando de qual tribo ela fazia parte e insinuando que seu uso de piercing no rosto era uma questão de “identitarismo”. Em um vídeo gravado por ela, a estudante expressa sua indignação com os comentários racistas que recebeu, afirmando que o homem fez uma série de observações desrespeitosas sobre sua aparência e postura.
A estudante conseguiu registrar parte da conversa com o agressor, que, segundo ela, afirmou que seu lugar não era na universidade e que ela era uma “estranha” naquele ambiente. Ana Vitoria descreveu momentos em que o homem tentou dar uma lição de moral, insinuando que ela estava na universidade apenas para “brincar”. Esses comentários reforçam a discriminação racial que ainda persiste em ambientes acadêmicos.
É importante ressaltar que o racismo é um crime no Brasil, conforme a legislação vigente. A injúria racial, que atinge a honra de uma pessoa por sua raça, cor ou etnia, foi equiparada ao racismo pela Lei nº 14.532, de 11 de janeiro de 2023, tornando-se inafiançável e imprescritível. A denúncia de Ana Vitoria destaca a necessidade de um combate mais efetivo a essas práticas discriminatórias.
No dia seguinte ao incidente, Ana Vitoria apresentou seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e foi aprovada com nota máxima. O tema de seu trabalho, “Reforma e Resistências: a Trajetória do Trabalho Doméstico no Brasil a Partir da PEC das Domésticas (2010 – 2015)”, está intimamente relacionado ao episódio que vivenciou, abordando questões raciais e sociais.
A estudante enfatizou que seu tema é altamente racializado, uma vez que a maioria das trabalhadoras domésticas no Brasil são mulheres negras, frequentemente reduzidas a papéis de servidão. Ana Vitoria citou a autora bell hooks, que discute como a intelectualidade negra, mesmo em posições de poder, é frequentemente desvalorizada e marginalizada.
Em resposta ao incidente, a UFPI emitiu uma nota oficial repudiando veementemente qualquer ato de racismo e discriminação. A universidade se comprometeu a investigar o caso, apoiar a vítima e identificar o responsável pelo ato. A nota destaca a importância de criar um ambiente acadêmico seguro e inclusivo para todos os estudantes.
A UFPI reafirmou seu compromisso com a diversidade e a equidade, garantindo que todas as pessoas se sintam bem-vindas e respeitadas em seus campi. A universidade também se comprometeu a promover ações de sensibilização e prevenção ao racismo, buscando construir uma sociedade mais justa e igualitária para todos.